domingo, 28 de outubro de 2012

Segurança Insegura.



 A forma como se articula a segurança pública, mesmo em países democráticos como o Brasil tornam este dispositivo mais coercitivo, do que um real suporte que garanta uma eficiente regulação do comportamento idealizado que o indivíduo deve adotar para conviver em sociedade.  No dia-a-dia, facilmente o cidadão passa a ser aquele que possui apenas deveres, sendo negligenciado em seus direitos. Quantas pessoas já não temeram algum ato de violência ou viram-se vítimas do abuso de autoridade daqueles que deveriam lhe proteger?

 Sem sombra de dúvidas é um quadro complexo em que não se pode reduzir a dimensão de culpado e inocente, vítima e algoz, além disso, trata-se de uma área de atuação muito delicada com várias demandas e pendências a se solucionar, dentro de um contexto de influência histórico-cultural sui generis como é o brasileiro. Entretanto, há um fato que não se pode negar, em todos os níveis e cargos desse dispositivo, de juízes à delegados, passando por agentes penitenciários e policiais que se encontram na ponta da lança, precisa-se urgentemente de profissionais qualificados não só no campo da instrumentação mas também e fundamentalmente no campo ético, com autoridade, mas, sem autoritarismo para que esse formato de lança seja desfeito e uma nova figura mais apropriada possa emergir.

Infelizmente, ainda vivemos sobre uma lógica em que muitos policiais, por exemplo, sentem-se diminuídos ao estarem atuando em políticas de conscientização e prevenção como UPC (Unidade de Polícia Comunitária) ou UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), justamente por não compreenderem o valor da prevenção, como se a verdadeiro policial tivesse que está sempre em combate.  Este quadro não é isolado, ele reflete a nossa cultura que de modo geral busca muito mais atuar no efeito do que na causa, remediar do que prevenir.

A mesma lógica faz com que profissionais da área da saúde, especialmente médicos, se sintam pouco atraídos em trabalhar junto à atenção primária, em unidades básicas de saúde, como se atuar em tal área fosse de certo modo um desperdício de todo o conhecimento que se adquiriu durante a formação e o local apropriado para um real desempenho de sua função estivesse cincunscrito apenas nos  hospitais com atenção de média e alta complexidade. Assim como uma palestra no posto de saúde sobre o necessário cuidado com os pés diabéticos poderia evitar futuramente uma  intervenção de emergência, também na segurança pública, valorizando mais a prevenção do que a repressão e a punição (muitas vezes arbitrária) se evitaria muitos efeitos colaterais e se geraria menos demandas.

Resta apenas uma certeza, há muito que ser feito, caminhamos em políticas públicas, se tem buscado uma melhoria do funcionamento desses dispositivos para aumentar a eficácia dos mesmos, entretanto, é preciso muito mais investimento, sem negligenciar a educação que tem sido tão mal tratada neste país, para que a justiça ao julgar, o policial ao agir, sejam mais justos, certamente ainda temos muito que caminhar... Justiça abandona esta espada!!


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